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EX-MINISTRO DA AGRICULTURA CRITICA MODELO E DEFENDE MAIS PESQUISAS NO SETOR

O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, criticou nessa quarta-feira (5) em Cuiabá o modelo agrícola brasileiro e fez veemente defesa em favor de mais pesquisas e tecnologia na agricultura. “Acabaram com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Hoje a empresa tem apenas 4% do minguado orçamento destinado à agricultura. Eu não aceitaria um convite para ser novamente ministro neste cenário”, disse, ao responder a uma pergunta do jornalista Paulo Henrique Amorim, que mediou o debate com o ex-ministro durante o 6º Encontro Internacional de Negócios da Pecuária (Enipec). Paulinelli foi um dos palestrantes de nessa quarta-feira (5) no último dia do evento, promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato).

Bastante aplaudido em sua apresentação ante uma platéia que lotou um dos auditórios do Centro de Eventos do Pantanal, o ex-ministro discorreu sobre a história da agricultura brasileira nos últimos 40 anos e traçou um paralelo do modelo agrícola daquela época e de agora. “Tínhamos um governo militar, é verdade, mas preocupado com o desenvolvimento de pesquisas para apoiar o crescimento da agricultura. Crescemos bastante com a Embrapa, porém, o atual governo não se importa com a pesquisa porque se acomodou com o avanço da agricultura nos últimos anos”, frisou Paulinelli, que coordenou a criação da Embrapa na década de 70.

Ele disse que, se convidado para ocupar o cargo de ministro no governo Lula, rejeitaria a proposta. “Não é possível fazer política agrícola com este governo que aí está. A agricultura virou moeda de troca política”, criticou.

Paulinelli defende uma nova revolução tecnológica, embora o país detenha o melhor conhecimento em tecnologia agrícola do mundo. “Não podemos parar no tempo. Acredito que se retomarmos a bandeira da pesquisa, vamos avançar muito mais. O conhecimento é a moeda do futuro e precisamos investir cada vez mais em novos sistemas de produção visando reduzir os custos e alcançar melhores resultados”.

O ex-ministro afirmou que o país depende fundamentalmente da agricultura - “os sábios da economia sabem que se a agricultura parar, o país quebra” – e criticou o movimento ambientalista, lembrando que há uma “tremenda mobilização” de ONGs (Organizações Não Governamentais), que acuaram os produtores e culpam o sistema produtivo de vilão dos desmatamentos e do aquecimento global”.

Segundo o ex-ministro, a Embrapa tem tecnologia disponível para triplicar a produção brasileira de alimentos, fibras e energia e ainda aumentar a produção de carne e leite ocupando apenas os cerca de 50 milhões de hectares de pastagens em degradação existentes no país sem derrubar uma única árvore por meio de um sistema que integra, numa mesma propriedade, lavoura-pecuária-floresta. “Mas, para ser adotado em larga escala no médio e longo prazos, precisa do suporte de políticas públicas”, lembrou.

Melhoria na qualidade do solo e na eficiência de insumos, retenção de água e diminuição de gases de efeito estufa, além da economia de até 80% de energia, são algumas das vantagens do sistema.

Paulinelli, que adota o sistema há vários anos em propriedade localizada em Minas Gerais, endossou os benefícios apontados pela pesquisa em depoimento nessa quarta-feira (5) no Enipec. “Estou feliz porque peguei uma propriedade ultradegradada e hoje é um exemplo. Tenho água até onde antes não tinha”, declara. “A inovação tem um custo que a maioria não pode assumir”, argumentou lembrando que não se pode ver a implantação do sistema de forma “poética”, mas como conseqüência de políticas de incentivo.

Ele ressaltou que é preciso que o produtor rural siga corretamente as orientações técnicas para obter resultados, o que evidencia a demanda por treinamento de multiplicadores e o crescente investimento em órgãos de assistência técnica e extensão rural.

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