Theme Preview Rss

Estudo identifica gene capaz de melhorar a carne bovina

Um estudo mostra que o Brasil pode produzir carne bovina mais macia e mais competitiva no mercado internacional. Pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Paulo, identificaram no DNA dos animais um gene capaz de melhorar o produto que chega hoje no mercado.
Alguns animais da raça Canchim tem no DNA um gene associado aos níveis de gordura. Em outros, da raça Nelore, a associação genética é com a musculosidade. Com a descoberta, a doutora Luciana Regitano, especialista em genética animal, passou a coordenar uma pesquisa para aproveitar melhor as vantagens genéticas das duas raças. A partir da identificação dos chamados marcadores moleculares, que são as características que o animal tem no DNA, a doutora desenvolveu uma técnica que permite selecionar os animais com melhor acabamento de carcaça e que tenham carne mais macia.
– A tecnologia que a gente esta usando, desenvolvendo, serve para melhorar a certeza sobre o valor genético de um animal. No caso da maciez da carne, que a gente associou a um marcador no Nelore, o que a gente quer fazer é somar esta informação aos programas de melhoramento pra poder estimar, pra poder conhecer melhor o valor daquele animal, o potencial dele para produzir carne macia, junto com aquela estimativa que já era feita – afirma a pesquisadora.
No gado da raça Canchim, a pesquisa vai permitir que o produtor selecione animais com mais gordura subcutânea, aquela que protege a carne. No rebanho brasileiro, o Canchim é mais usado em cruzamentos. O problema, diz a pesquisadora, é que este é um animal mais tardio, que cresce muito e que por isso deposita gordura mais tarde. O que não é interessante pro mercado.
– A ausência de uma camada de gordura na carcaça prejudica a conservação da carne. A carne acaba escurecendo. Sofre os efeitos do frio na camada frigorífica. Então o projeto que nós temos com o Canchim é pra tentar selecionar animais que depositem gordura mais cedo.
A pesquisa começou em 2008. Os animais são avaliados e criados em condições controladas. Uma característica bem interessante é que este controle, no caso do nelore, é o mesmo para as diversas linhagens da raça. O que a pesquisa quer com isso é mostrar que o que é feito com um, pode ser feito com outro no rebanho comercial em qualquer propriedade.
– A intenção da pesquisa é representar a produção comercial, tanto que nós utilizamos o maior número de touros possível que representassem a variabilidade na raça nelore, no nelore comercial. Um nelore que é acessível ao produtor – afirma a pesquisadora Luciana.
A pesquisa, que está sendo desenvolvida em parceria com Embrapa, ESALQ e Universidade Estadual Paulista vai permitir também que a formação de um plantel melhor acabado comece bem cedo. A doutora diz que o produtor poderá saber se um determinado animal, ainda bezerro, terá ou não carne macia pelo exame de sangue. Ou ainda antes disso.
– Você pode até fazer este teste no embrião. Se você conseguir coletar uma célula deste embrião, uma biópsia deste embrião, você pode fazer este teste.
A etapa final da pesquisa é no laboratório. O local em muito lembra um açougue e quase uma churrascaria. Mas a carne assada em postas suculentas não pode ser consumida. Em cubinhos, a carne é analisada em um equipamento que indica o nível de maciez .
– O que se preconiza hoje no mundo é, uma carne considerada macia se ela tiver um valor de 4.5 da força de cisalhamento que nós vimos no equipamento aqui. No Brasil a gente pode ter uma carne de qualidade, macia, com um valor um pouquinho acima, como nós observamos aqui, em torno de 5, quer dizer, o conceito do brasileiro pode ser diferente do americano ou do europeu – afirma Rymer Ramiz Tullio, responsável pelo laboratório.
Segundo o professor Rymer a pesquisa aponta para uma redução ainda maior desta pontuação. Em no máximo dois anos, diz ele, graças a pesquisa, a produção brasileira de carne pode se tornar inclusive mais competitiva.
– Acredito que vamos conseguir carne em condições de competir em qualquer mercado internacional – diz Rymer.
– Faz 15 anos que eu trabalho com pesquisa em marcadores moleculares e agora eu consigo sentir a satisfação de encontrar coisas que são realmente importantes e que devem ter um impacto na produção animal, devem ter um impacto na competitividade do Brasil, na a produção de carne, na exportação de carne. Então isso realmente trás bastante satisfação – finaliza a pesquisadora Luciana.

Fonte: Canal Rural

0 comentários:

Postar um comentário

Comente esta notícia.

Como chegar

Como chegar