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O ABC do campo


Programa de crédito criado pelo governo deslancha e tem o desafio de alcançar metas de reduzir gases estufa por meio da sustentabilidade no agronegócio


Cristiano Zaia, de Brasília

META: o programa pretende ampliar ou recuperar 40 milhões de hectares até 2020
Estimativas do Ministério da Agricultura (Mapa) apontam para mais de 30 milhões de hectares degradados e inférteis no Brasil. O dado, alarmante, expõe uma grande incerteza ao agronegócio no País: a produtividade no campo consegue preservar o solo e evitar novos impactos ambientais? Para solucionar problemas como este, o governo vem tentando, há dois anos, tirar do papel o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), uma política de crédito que financia técnicas agropecuárias sustentáveis como plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária floresta ou recuperação de pastagens degradadas. A ideia é ampliar ou recuperar 40 milhões de hectares até 2020, reduzindo até 146 milhões de toneladas de CO² jogados na atmosfera. Ainda não se sabe que fração dessa meta efetivamente já foi alcançada e, conforme o último balanço disponível do Plano Safra de junho do ano passado até abril deste ano, os produtores tomaram apenas 26% do total de R$ 3,15 bilhões de crédito colocados pelo governo para o Programa ABC. Um desempenho ainda fraco, mas que mostra que o apetite por este financiamento melhorou. Nesses dez meses da atual safra os bancos já emprestaram R$ 840,9 milhões, ou seja, o dobro dos créditos concedidos na safra anterior, de R$ 419 milhões.

ARMINDO KICHEL: para o pesquisador da Embrapa, falta conscientização sobre as novas práticas sustentáveis
Juntos, Banco do Brasil – com recursos próprios – e 20 bancos privados como Bradesco, Itaú e Santander, e públicos regionais – com dinheiro repassado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – aprovaram somente 30 projetos pelo ABC, ao longo de todo ano safra 2010/2011, quando foi lançado o programa. A dois meses de terminar o ano safra 2012, até abril, porém, o número de contratos subiu para 3,2 mil. No mesmo período, o BNDES já concedeu R$ 240 milhões contra R$ 40 milhões durante o ano-safra anterior. “O programa tem uma taxa de juros muito atrativa, de 5,5%, e já é um dos nossos carros- chefes”, afirma Caio Barbosa, gerente de Suporte aos Programas Agropecuários do BNDES, que tem à disposição R$ 2,3 bilhões para serem emprestados. A saída do Mapa para tornar o programa ABC mais conhecido e acessado foi criar, em julho do ano passado, grupos de trabalho nos Estados formados por secretarias de Agricultura, Meio Ambiente e Trabalho, instituições como a Embrapa, associações e cooperativas de produtores, além de universidades.O programa já está implantado em 16 unidades da federação, com Minas Gerais liderando o desembolso de crédito, com R$ 162,4 milhões contratados. “A maior parte dos empréstimos vai para plantio direto na palha, recuperação de pastagem degradada e integração lavoura-pecuária-floresta”, diz o coordenador de Manejos Sustentáveis do Mapa, Elvison Ramos. Essas práticas são as campeãs de demanda no Banco do Brasil, responsável por financiar 86% dos recursos tomados no âmbito do Programa ABC. Segundo o vice-presidente de Negócios do BB, Osmar Dias, quando assumiu o cargo, em abril de 2011, o banco não havia recebido um projeto sequer para aquisição desse crédito. “Tivemos então que disparar o início do programa”, disse Dias. Já no atual Plano Safra, a situação se reverteu. O banco fechou o acumulado de junho de 2011 a maio deste ano com R$ 724 milhões de empréstimos a 2,29 mil produtores, o equivalente a 71,5% do total de 3,2 mil contratos feitos pelos bancos operadores do ABC no período. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) também está fazendo um grande esforço para divulgar o Programa ABC. A entidade já produziu uma cartilha sobre esse crédito em vários Estados, está concluindo um vídeo que será mostrado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e ainda prepara para este ano a publicação de um estudo sobre o retorno econômico de práticas de manejo sustentável. “Queremos mostrar para o produtor que o seu custeio não vai aumentar em função da agricultura de baixo carbono”, diz a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Cristina dos Santos.
Para o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, em Mato Grosso do Sul, Armindo Kichel, apesar dos avanços dos produtores do seu Estado, ainda falta conscientização sobre as novas práticas sustentáveis.

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