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BRASIL ENCARA COMPETIÇÃO COM EUA.

O Brasil tem mais condições de ampliar a produção de grãos e alavancar as exportações do agronegócio que os Estados Unidos, disse ontem o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A declaração foi dada um dia após o governo norte-americano ter anunciado que pretende dobrar as vendas externas da produção agropecuária do país – atualmente em US$ 100 bilhões ao ano.
Ontem, no fórum mundial da agricultura, o Agriculture Outlook Fórum, que ocorre nos EUA, especialistas disseram à Gazeta do Povo que a meta de expansão é audaciosa, mas possível. A avaliação de Stephanes parte do fato de que o agronegócio brasileiro tem mais terras cultiváveis. Enquanto os Estados Unidos já exploram a maior parte de seus campos, o Brasil tem condições de dobrar sua área agrícola aproveitando 70 milhões de hectares de pastagens degradadas, conforme dados do Ministério da Agri­cultura. "Eles podem crescer aumentando a produtividade, mas ainda assim têm espaço menor".
Stephanes considera que os produtores brasileiros estão mais distantes do teto de produtividade no cultivo de grãos. Ele cita o milho como exemplo. "Eles aumentaram praticamente até o limite que poderiam. Atingiram o topo de produção. Lá a média é de 10 mil quilos de milho por hectare. O Brasil está com menos de 5 mil quilos, o que indica que o país tem margem para crescer." O plano de expansão das exportações do agronegócio brasileiro é bem menos ambicioso que o norte-americano. Em cinco anos, considerando como base o ciclo 2009/10, o país quer ampliar as exportações em 50% no milho (para 18 milhões de toneladas), 18% na soja (32 milhões de t), 37% no frango ( 5,5 milhões de t) e 35% na carne bovina (para 3,8 milhões de t). Essas projeções vêm sendo discutidas há duas safras.
Disputa na soja - A principal disputa entre Brasil e EUA no setor do agronegócio acontece na soja. Os dois países possuem praticamente a mesma produtividade, cerca de 2,8 mil quilos por hectare. Os custos oscilam de acordo com os preços da época em que os produtores compram os insumos. Neste ano, levaram vantagem os brasileiros, agora mais competitivos. A soja em grão e industrializada é um dos produtos-chave que os EUA têm para oferecer para a China, principal alvo dos exportadores brasileiros.
Na avaliação de Stephanes, os EUA não poderão elevar os subsídios a ponto de garantirem, com recursos públicos, aumento de 100% nas exportações do agronegócio. Ele considera que a legislação norte-americana que regula a dosagem dos recursos é reformulada a cada quatro anos e foi reeditada há menos de dois anos. "Não é tão simples assim." Stephanes disse que pretende ouvir os técnicos que participam do Outlook Forum assim que eles chegarem ao Brasil. O ministro não descarta reações por parte dos concorrentes dos EUA em caso de aumento irregular nos subsídios. "Existe um consenso mundial de que não se deve aumentar subsídio na area agrícola e sim reduzir os atuais", argumenta. "A reação mundial seria muito forte em relação a isso."
Paraná - O secretário da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, também considera pouco provável que subsídios sustentem o plano de expansão das exportações do agronegócio norte-americano. "O país não se encontra com essa facilidade de aumentar os gastos públicos, está em processo de recuperação", avalia. Ele frisa que o uso de novas tecnologias tem sustentado crescimento expressivo na produção. Em sua avaliação, as exportações podem dobrar, mas num período de mais de cinco anos. As novas regras impostas pelo mercado para a produção de alimentos fazem com que as metas de expansão de qualquer país tenham de ser ponderadas, acrescenta Bianchini. "A agricultura está em um novo patamar de tecnologia, com cada vez mais obrigações relacionadas à sustentabilidade", aponta. O aumento do valor das exportações passa pela agroindustrialização, como ocorre no Paraná, acrescenta. "O que os americanos podem fazer é acelerar esse processo".

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